sexta-feira, 30 de abril de 2010

Destino versus Livre Arbítrio

Por várias vezes me peguei pensando se existe destino ou se temos livre arbítrio....

Pensamento tolo. Um não exclui o outro.

O destino existe, mas você tem o livre arbítrio de dizer sim ou não.

E não me venha com essa de "eu não tive escolha". A escolha sempre existe. O problema é que temos de pagar o preço por nossas escolhas.

Judas então, já foi responsável por oras a fio de debate: "ele foi vítima, afinal Jesus já sabia seu destino desde o início" ou "ele foi ganancioso, entregou Jesus por algumas moedas, vamos malhar o Judas ".

O que eu acho? O destino colocou Judas nesta situação. Mas ele tinha o livre arbítrio de dizer não. Afinal a participação dele não era vital para o desfecho da história. Os soldados poderiam ter encontrado Jesus por conta própria, sem ninguém precisar entregá-lo. O restante da história seria o mesmo.

Você não acham?




quinta-feira, 29 de abril de 2010

As Portas da Percepção e o Cotidiano - Parte III

A Onisciência e o Filtro do cérebro

Ainda sobre "As Portas da Percepção', um trecho merece ser comentado: A função eliminativa e não produtiva do cérebro.

Sempre achei que o cérebro podia "criar coisas". Imagens fantasiosas, ruído, etc. Nunca havia pensado na possibilidade do cérebro "filtrar coisas".

" De acordo com a tal teoria, cada um de nós possui, em potencial, a Onisciência. Mas, posto que somos animais, o que mais nos preocupa é viver a todo custo.
Para tornar possível a sobrevivência biológica, a torrente da Onisciência tem de passar pelo estrangulamento da válvula redutora que são nossos cérebros e sistema nervoso.O que consegue coar-se através esse crivo é um minguado fio de conhecimento que nos auxiliam a conservar a vida na superfície deste singular planeta.
...
No entanto, certas pessoas parecem ter nascido com uma espécie de desvio que invalida essa válvula redutora. Em outras, o desvio pode surgir em caráter temporário, seja espontaneamente, seja resultado de ‘exercícios espirituais’ voluntários, do hipnotismo ou da ingestão de drogas.
Mas o fluxo de sensações que percorre esse desvio, seja ele permanente ou temporário não é suficiente para que alguem se aperceba ‘de tudo o que esteja ocorrendo em qualquer lugar do universo’ (uma vez que o desvio não destrói a válvula de redução, que ainda impede que escoe por ela toda a torrente da Onisciência), embora possibilite a passagem de algo mais – e sobretudo diferente – do que aquelas sensações utilitárias, cuidadosamente selecionadas, que a estreiteza de nossas mentes considera como uma imagem completa (ou, no minimo, suficiente) da realidade."

Comece a reparar nas coisas ao seu redor. Imagine se lembrássemos, ou mesmo reparássemos em tudo o que nos rodeia. Com certeza ficaríamos loucos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

As Portas da Percepção e o Cotidiano - Parte II


Parte II - Aplicando o que não foi dito: (continuação)

Voltando ao tema de Huxley:

O tal livro, uma das poucas coisas que comprei por impulso e não me arrependi, me colocou pra pensar. Ao contrário do que muitos acham Huxley não é um drogado lunático. É um escritor extremamente culto e a frente do seu tempo. Para se ter uma idéia Aldous Huxley nasceu em 1894! E escreveu "As Portas da Percepção" em 1954, aos 60 anos. Em 1956, ele complementa a obra com "Céu e Inferno". A edição usada que eu comprei trouxe os dois livros em um ! Oba!

Mas vamos ao que interessa: de que o livro trata.

Em "As Portas da Percepção" Huxley narra, com extrema riqueza, as visões e impressões que teve sob o efeito da mescalina (droga indígena extraída do cacto). O livro, apesar de escrito a mais de 50 anos é bem atual.

O que mais me chamou a atenção foi a maneira como o autor descreve as cenas e os efeitos. Ele mergulha nos fatos. Amo a parte em que ele percebe o sentido da vida nas dobras de sua calça de flanela... Vale a leitura!
Aquilo era algo que eu já havia visto, e naquela mesma manhã, entre as flores e os móveis quando, por acaso, olhei para baixo e minha vista se extasiara ao fixar minhas próprias pernas cruzadas. Essas dobras de minhas calças — que labirinto de infinita complexidade simbólica! E a textura da flanela cinzenta — quão rica, profunda e misteriosamente suntuosa era ela! E lá estava isso tudo, de novo, no quadro de Botticelli!
O trecho acima foi transcrito da parte onde Huxley, ainda sob o efeito da mescalina, resolve visitar "a maior drugstore do mundo". Entre outras coisas, ele encontra na tal farmácia, livros de arte a venda, e folheando Botticelli e Van Gogh chega a conclusões fantásticas sobre o que realmente precisa ser visto.

A todo tempo Huxley lida com uma dúvida que há muito mexe com a minha cabeça: devemos ser Martas ou Marias ? (personagens bíblicos, irmãs de Lázaro). Eu sei que sou Maria convicta (tratarei deste tema nas próximas postagens).

Se puder compre o livro. Nem que seja um usado (sai em torno de 10 reais). Se você se interessa pelo tema vai querer ler mais de uma vez e emprestar para os amigos.


até a próxima.



terça-feira, 27 de abril de 2010

As Portas da Percepção e o Cotidiano - Parte I

Parte I - aplicando o que não foi dito...

Não é de hoje que eu exercito minha filosofia barata... Lembro bem de uma frase que li numa destas revistas femininas do início dos anos 90.... Pra piorar, a frase em questão não vinha de nenhuma matéria assinada... Vinha de uma propaganda de roupa. Não me lembro da marca, mas a frase era "Nada muda se você não mudar". E quem não quer mudar?!

Passados alguns anos, novamente algo lido em outra das revista feminina da minha mãe mudou a direção dos meus pensamentos: a matéria era sobre casamento de mulheres na faixa dos 40 com rapazes na casa dos 20. De fato este tipo de discussão não me interessava nem um pouquinho na época (eu devia ter uns 18 ou 19), mas uma frase me prendeu a atenção. A entrevistada contava em detalhes como foi a visita de apresentação à família do namorado e contava como se sentiu frustrada ao perceber que a mãe do rapaz parecia ser uns bons anos mais nova que ela.

Chegando em casa, ela parou por alguns instantes diante do espelho para avaliar a quantas andava sua imagem. Ao ver os cabelos brancos pipocando, disse que daquele dia em diante nenhum outro fio de cabelo branco ousaria nascer em sua cabeça.

Quem acha que eu acreditei 100% na história acertou. Quem acha que eu coloquei em prática acertou. Quem acha que funcionou acertou mais ainda.

Novamente passado alguns anos, peguei na locadora "Quem somos nós" que tratava do tema de-onde-viemos para-onde-vamos... Confesso que não morri de amores pelo filme, mas foi vital para "reativar" o tema em minha mente.

Com o tema fresquinho na cabeça, não é que encontro, por acaso, um amigo que não via a algum tempo? Não era qualquer amigo. Era um daqueles gênio-loucos. Conversamos sobre vários assuntos e ele mencionou "As Portas da Percepção" e "Céu e Inferno" do escritor Aldous Huxley. Não tive dúvidas! Corri pra internet e comprei o livro. Uma obra-prima que me saiu por menos de 15 reais (depois que descobri a EstanteVirtual não me lembro de quando comprei um livro zero km).

Aldous Huxley, inspirou filmes bastante conhecidos como O Demolidor (com Stallone)







e A Ilha



Continuo no próximo post.